terça-feira, 27 de setembro de 2011

Doações de múltiplos órgãos em Minas podem superar expectativas em 2011

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Adair Gomes
Diretor do MG Transplantes, Charles Simão, prevê aumento de notificações
Diretor do MG Transplantes, Charles Simão, prevê aumento de notificações
BELO HORIZONTE (26/09/11) - No Dia Nacional do Doador de Órgãos, lembrado nesta terça-feira (27), o MG Transplantes da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) prevê um aumento no número de notificações no Estado, o maior desde sua criação. Dados apontam que o número de notificações cresceu de 4,8 por milhão de pessoas, em 2006, para uma estimativa de 10,5, para 2011.
De acordo com o diretor do MG Transplantes, Charles Simão, este poderá ser o melhor ano do MG Transplantes desde sua criação. “Com o crescimento das notificações, em pouco tempo, será zerada a fila de espera por córneas, atualmente com cerca de 700 pessoas cadastradas”.
De janeiro a agosto deste ano, 1.446 transplantes foram realizados, sendo 322 de rim; nove de coração; 54 de fígado e 12 rim+pâncreas. Já os transplantes de tecidos realizados somam 949 de córneas; 47 escleras e 53 de medula óssea.
Para o motorista Carlos de Souza Resende, que em 2010, aos 55 anos de idade, recebeu um novo rim, a maior conquista foi ter deixado para trás as três sessões semanais de hemodiálise. ”Desde que entrei na fila de doadores, dois anos antes do transplante, esperava ansiosamente por um doador compatível”, lembra Resende.
Hoje, sem apresentar mais os sintomas da diabetes, doença causadora da deficiência renal, Carlos convive perfeitamente bem com os medicamentos a que é obrigado a tomar para evitar a rejeição do novo órgão. “Tenho uma vida praticamente normal”, ressalta Resende.
Conscientização
Charles também ressalta a importância das campanhas de conscientização que ajudou a derrubar muitos mitos e, ao mesmo tempo, sensibilizar a respeito da importância da doação de órgãos para salvar outras vidas. Cerca de 80% das famílias abordadas, atualmente, autorizam a doação no Estado. “Os mineiros dão exemplo de solidariedade, mesmo em um momento tão difícil quanto a perda de um ente querido”, diz.
Graças à sensibilização de outras pessoas, a dona de casa Kátia Junqueira, de 35 anos, foi submetida ao transplante de córnea, em fevereiro deste ano. Dona Sônia, mãe de Kátia, relata que a filha sofre, desde os 18 anos, de ceratocone, doença degenerativa da córnea que a torna mais fina e modifica o seu formato tornando-o mais cônico. “Quando ela começou a perder a visão, recebeu o primeiro transplante da córnea direita, aos 18 anos. Um ano depois, foi a vez de receber o transplante da córnea esquerda. Há cerca de um ano, apresentou rejeição da córnea direita e, no início deste ano, foi beneficiada com novo transplante”, lembra a mãe.
Sônia esclarece que sua filha tem uma vida normal, pois administra o lar e cuida do três filho. “Agradecemos pela oportunidade que minha filha teve de voltar a enxergar”, considerou.
Centrais de notificação
O MG Transplantes é um dos serviços mais organizados e ativos do país. Coordena a captação e a distribuição de órgãos e tecidos no Estado, respondendo ainda pelo monitoramento da lista única de transplantes.
Atualmente, o MG Transplantes reúne seis Centrais de Notificação, Captação e Doação de Órgãos (CNCDOs) no Estado: Sul (Pouso Alegre), Leste (Governador Valadares), Norte (Montes Claros), Zona da Mata (Juiz de Fora), Oeste (Uberlândia) e Região Metropolitana (Belo Horizonte). Já estão previstas mais cinco centrais, em processo de tramitação no Ministério da Saúde: Divinópolis, Venda Nova, Betim, Uberaba e Ipatinga – passando, assim, ao número total de 11 CNCDOs em breve. Essas centrais têm estrutura própria e gerenciam as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTTs).
A CIHDOTT do Hospital Regional Antônio Dias, da Rede Fhemig, em Patos de Minas, realizou, na última quinta-feira (22), uma doação de múltiplos órgãos. A cirurgia de retirada foi feita no próprio hospital e os órgãos doados (fígado, rins e córneas) foram levados para Belo Horizonte. Somente em setembro, já haviam sido abertos quatro protocolos de morte encefálica neste hospital, um fato inédito. “Tem crescido as notificações por causa do apoio que temos recebido”, afirma a coordenadora da CIHDOTT do Antônio Dias, Iocione Thompson Gondim. Até agosto deste ano, 3.034 pacientes ativos aguardam na fila. A procura maior é por transplante de órgãos, como o rim 2.198; fígado 41; rim+pâncreas 21; coração 16; pulmão 12; pâncreas 1. Para transplantes de tecidos aguardam na fila 707 pacientes para córneas e 38 medula óssea.