quarta-feira, 11 de maio de 2011

Números de mulheres que procuram ajuda contra violência cresce em BH

 


BELO HORIZONTE (10/05/11) - A professora Maria Alice Maia, de 48 anos, só recuperou o trauma da agressão física que sofreu do ex-marido após ajuda do Centro Risoleta Neves de Atendimento (Cerna). Ela conta que o companheiro a agrediu por não aceitar a separação. Passados quatro anos do episódio, a professora relata como está conseguindo reconstruir a vida. “Depois da agressão que sofri e com tudo que passei, tive muito medo e insegurança para sair de casa e, por isso, fiquei dois anos afastada do trabalho. Vivia como se meus pés não estivessem no chão. Até que uma prima me indicou o Centro Risoleta Neves e fiquei três anos em atendimento. Hoje estou me reconstruindo. Nada paga o carinho e a atenção que tive do centro”, declara.
O caso de Maria Alice é apenas um da lista das mulheres que superaram os traumas da violência com o apoio do Cerna. Um relatório da instituição mostra que as mulheres estão procurando, cada vez mais, ajuda para apagar as marcas que uma violência pode deixar. O número de vítimas atendidas pelo serviço, nos três primeiros meses deste ano, teve um salto de 35% quando comparado ao mesmo período de 2010. Foram 327 atendimentos em 2011, contra 241 no ano passado. A procura pelo centro de atendimento também foi maior em uma comparação entre os anos de 2009 e 2010, registrando um aumento de 36%. Foram 1.380 em 2009, contra 2.172 atendimentos no ano passado.
A coordenadora especial de Políticas Públicas para Mulheres, Eliana Piola, acredita em uma mudança significativa no comportamento das vítimas depois que são acompanhadas pelos profissionais do Cerna. E Maria Alice confirma: “Hoje consigo falar sem derramar uma lágrima. Porém, quando tenho recaídas, procuro ajuda das profissionais do Centro Risoleta Neves”, conta a professora.
O processo no qual o ex-marido de Maria Alice é acusado de agressão está em andamento e é acompanhado pela equipe do departamento jurídico do Cerna. “O centro orienta as mulheres atendidas sobre questões jurídicas, já que muitas vezes as vítimas têm receio de ir contra a agressão, por questões financeiras. Elas precisam conhecer os direitos e saber que não estão sozinhas”, ressalta Eliana Piola.
Centro Risoleta Neves
O Cerna é vinculado à Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres (Cepam), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Oferece serviço psicossocial, jurídico e encaminhamento à Rede Estadual de Atendimento às vítimas de violência física, sexual, psicológica, moral, patrimonial e homofóbica, em cumprimento à Lei Maria da Penha.
Mulheres vítimas de violência que tenham interesse nos serviços do Cerna podem procurar diretamente a instituição em Belo Horizonte, situada na rua Pernambuco, nº 1.000, bairro Funcinários. Informações e orientações também podem ser solicitadas por meio do e-mail cerna@social.mg.gov.br.