quarta-feira, 18 de maio de 2011

BH no " Dia Nacional da Luta Antimanicomial"

Nesta quarta-feira, dia 18, a partir das 13h, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA) realiza um desfile em comemoração ao “Dia Nacional da Luta Antimanicomial”. A concentração acontecerá na Praça Sete, de onde os integrantes da escola de samba Liberdade Ainda que Tam Tam vão começar o desfile pelas ruas da capital.

Com o samba enredo “Histórias da Loucura: Michel Também Contou”, uma referência ao cinquentenário do livro “A História da Loucura na Idade Clássica”, do autor Michel Foucault, os objetivos do desfile são chamar a atenção de toda a população para a luta contra o preconceito às pessoas em sofrimento mental, propor e defender o fim dos hospitais psiquiátricos e a sua substituição por serviços abertos, públicos, de qualidade, que garantam o tratamento em liberdade e os direitos de cidadania a esta clientela, historicamente excluída da sociedade, além de defender a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Esse é o 14º ano consecutivo que a defesa da luta antimanicomial ganha as ruas da capital.

Nos nove Centros de Convivência da capital, é grande a movimentação em torno do desfile. Nos últimos meses, os usuários vêm preparando as fantasias que irão compor o enredo das seis alas da escola de samba. O Liberdade Ainda que Tam Tam vai percorrer as avenidas Afonso Pena, Álvares Cabral, Augusto de Lima e a rua Rio de Janeiro, terminando o desfile no quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro esquina com Tamoios, na Praça Sete.

O desfile será acompanhado por três trios elétricos e terá também o apoio da BHTrans e da Polícia Militar, que vão orientar o trânsito. Cerca de duas mil pessoas são esperadas para o desfile. “A loucura não é condição para a exclusão social. A intenção é chamar a atenção da sociedade para a importância do bom convívio entre todos. Eventos assim também contribuem para melhorar a auto estima dos portadores de sofrimento mental”, explica a coordenadora do Programa de Saúde Mental da SMSA, Rosimeire Silva.

Pioneirismo

A política de Saúde Mental de Belo Horizonte começou a ser implantada há 17 anos. Pioneira entre as grandes metrópoles brasileiras, o trabalho é marcado pela ousadia no campo da reforma psiquiátrica e segue a lógica antimanicomial, valorizando o cuidado em liberdade e a reinserção social dos pacientes.

Em Belo Horizonte existem sete Centros de Referência em Saúde Mental (Cersams) em diferentes regiões, que cobrem toda a cidade. As unidades funcionam 24 horas, oferecendo hospitalidade noturna aos usuários que necessitam de cuidado intensivo em tempo integral, todos os dias da semana, inclusive sábados, domingos e feriados.

Essas unidades contam com equipe multiprofissional, formada por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psiquiatras infantis. Já para os pacientes entre 0 e 18 anos, o atendimento é realizado pelo Centro de Referência em Saúde Mental Infantil (Cersami). Para os usuários de álcool e outras drogas, a capital oferece atendimento especializado no Cersam-ad.

A capital ainda conta com 23 residências terapêuticas. O serviço, conhecido por meio da sigla SRT (Serviço Residencial Terapêutico), está localizado nos diversos bairros da cidade e desde 2002 são habitados por portadores de sofrimento mental que foram abandonados nos hospitais psiquiátricos. Atualmente, são atendidas 192 pessoas.