quinta-feira, 24 de maio de 2012

BH recebe obras de Caravaggio














Belo Horizonte é a primeira cidade da América do Sul a receber obras do artista italiano Michelangelo Merise da Caravaggio. A Casa Fiat de Cultura abriu na terça-feira, dia 22, a exposição “Caravaggio e Seus Seguidores”, que ficará aberta ao público até o dia 15 de julho. Estão expostas 20 pinturas nunca antes vistas no Brasil, que podem ser vistas gratuitamente de terça a sexta, das 10h às 21h, e aos sábados e domingos, das 14h às 21h. O evento faz parte das comemorações do Momento Itália Brasil e a curadoria da exposição é dos italianos Rossella Vodret, diretora do Polo Museale, em Roma, do professor Giorgio Leone e do crítico de arte e museólogo brasileiro, Fábio Magalhães. Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas no site da Casa Fiat de Cultura (www.casafiatdecultura.com.br). O espaço fica na rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250, bairro Belvedere.




As pinturas de Michelangelo Merisi da Caravaggio expostas pela primeira vez no Brasil retratam diversos períodos pictóricos e da vida do artista, dividindo-se em três blocos, trabalhos consagrados e conhecidos do imaginário do pintor, novas descobertas e quadros considerados "problemas" pela história da arte, que incluem algumas obras em estudo. Por meio da técnica do chiaroscuro, em que o emprego de luzes e sombras gera impressionante dramaticidade às cenas retratadas, Caravaggio revolucionou a arte de seu tempo. A exposição consiste em seis telas pintadas a óleo pelo italiano e 14 pinturas dos chamados "Caravaggescos", os mais importantes seguidores do artista. Para o prefeito Marcio Lacerda, que esteve na abertura da exposição, é muito importante receber a mostra em Belo Horizonte. “A capital mineira tem recebido grandes eventos de arte e exposições magníficas, que trazem para mais perto dos habitantes o que tem de mais belo na produção artística, não só da idade antiga, mas também do renascimento, como essa bela mostra de Caravaggio”, disse. Marcio ainda aproveitou para ressaltar a beleza da harmonia e a sensibilidade das obras do artista italiano.

De acordo com o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, trazer Caravaggio ao Brasil é a realização de um sonho, pessoal e institucional. "Para a Casa Fiat, cujo grande objetivo centra-se na democratização das grandes expressões culturais e artísticas, é uma honra aproximar o público brasileiro da obra de um dos mais geniais e misteriosos artistas de todos os tempos", ressaltou. José Eduardo elogiou o trabalho do pintor italiano e apontou o mistério que paira sobre as obras do autor o diferencial do trabalho.




História do artista




Michelangelo Merisi cresceu na pequena vila de Caravaggio, na Itália, cujo nome adotou depois. Aos 12 anos, seu pai, mestre de obras, o inscreveu no ateliê de Simone Peterzano, um modesto pintor que se intitulava “discípulo de Ticiano”. Conhecido como um artista “tenebrista”, cujo estilo de pintar mesclava fundos negros com focos de luz intensa, Caravaggio ficou famoso, também, por seu gênio tempestuoso.

Arte que reflete a sua vida, seus quadros contêm traços dessa existência intensa e turbulenta, apresentando cenas religiosas com violência e crueldade, como em “A Decapitação de São João Batista”. O forte contraste entre os fundos escuros e os personagens banhados por uma luz que incide forte e dramática, típico da técnica do “claro-escuro”, é a principal característica das obras do artista, marcadas também por um forte realismo na caracterização dos personagens, suas vestes e objetos que os cercam. Caravaggio geralmente usava um fundo escuro e agrupava a cena em primeiro plano com focos de luz sobre os detalhes, ressaltando principalmente os rostos.

Com a vida boêmia e afundada em dívidas, o artista começou a fase de decadência. Até fugir de Roma devido a uma briga, Caravaggio realizaria uma série de importantes quadros de temática religiosa, muitas vezes feitos diretamente nas paredes das novas capelas que eram erguidas. Ao recusar-se a pagar uma aposta perdida, o genioso pintor brigou com Ranuccio Tommasoni, que não resistiu aos ferimentos. Após a saída de Roma, viveu em Nápoles, Malta, Siracusa, Messina e Palermo, geralmente fugindo de um lugar para o outro devido a desavenças e perseguições. Morreu aos 39 anos, de causa não identificada, a poucos quilômetros de Roma, mas sem ter retornado à cidade.

Medusa Murtola

Uma das principais obras do artista, Medusa Murtola, cujo nome remonta a um poeta italiano, ilustra bem as características responsáveis por tornar Caravaggio conhecido. Quando se analisa a obra com radiografias e técnicas de investigações históricas, como o infravermelho, é possível identificar todos os rascunhos do artista. Há, por exemplo, olhos e boca que mudaram de lugar no quadro final. Traços perdidos, escondidos por camadas de tinta e que, pouco a pouco, foram descobertos e analisados pelos pesquisadores, são indícios que enriqueceram o estudo especializado e mostraram que a Medusa Murtola é uma autêntica obra de Caravaggio, datada de 1597.



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