segunda-feira, 11 de julho de 2011

Saúde amplia idade para realização de exames contra câncer

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BELO HORIZONTE (08/07/11) - A partir de agora, a idade para as mulheres se submeterem ao Papanicolau, exame preventivo que detecta o câncer do colo do útero, foi estendida de 59 para 64 anos. A ampliação segue as novas diretrizes nacionais para o rastreamento da doença, lançadas nesta semana pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em Minas Gerais, dados do Programa Viva Mulher, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), mostram que nos cinco primeiros meses deste ano, 410.899 exames foram realizados na faixa etária de 25 a 59 anos.
De acordo com o coordenador estadual do Programa Viva Mulher, Sérgio Bicalho, a importância de se ampliar a faixa etária se deve ao fato de uma mudança no comportamento sexual das mulheres acima de 50 anos e à maior longevidade da mulher brasileira. “As mulheres estão vivendo mais e mantendo vida sexual ativa. E por isso mesmo devem continuar realizando os seus exames de prevenção. As novas diretrizes recomendam que o intervalo entre os exames deva ser de três anos, após dois exames negativos com intervalo anual”, avalia.
O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame de Papanicolaou, popularmente conhecido como preventivo. O procedimento identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo o tratamento antes que a doença se desenvolva.
A coleta de material deve ser feita a partir dos 25 anos de idade. Agora, os exames preventivos devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos, nos últimos cinco anos. No caso das mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame, devem ser feitos dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, essas mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais.
Segundo dados do Viva Mulher, a meta era alcançar 517.180 exames nos cinco primeiros meses, mas somente 79,44% das mulheres realizaram o preventivo nesse período. Em 2010, na mesma época, 83,61% das mulheres fizeram o exame. De acordo com o coordenador, a queda na realização dos exames ocorreu, principalmente, nos municípios com menos de 10 mil habitantes.
“Um dos grandes problemas enfrentados na realização do exame de Papanicolaou é a cobertura populacional. Pretende-se atingir 90% de cobertura da população feminina do Estado em três anos, ou seja, 30% em cada ano. Ocorre que um mesmo grupo de mulheres realiza o exame todo o ano, dando a falsa impressão que o objetivo de cobertura foi atingido”, lembrou Sérgio Bicalho.
Uma das medidas adotadas pela SES-MG para alcançar bons índices é a visita em todas as 28 Regionais de Saúde, que visa mobilizar os secretários municipais para que ocorra um aumento da coleta e para que os mesmos façam o seguimento das pacientes com pré-câncer e as encaminhem para tratamento nas unidades especializadas. “Para a realização do exame, a mulher precisa se sentir acolhida, estar cercada de bons profissionais e, principalmente, encontrar facilidade para marcar a consulta”, comentou Sérgio, que ainda afirmou estão previstas capacitações com os municípios que tiveram o pior desempenho para que eles incrementem a realização dos exames.
Outro avanço na luta contra o câncer foi o lançamento da vacina contra o HPV, agente etiológico do câncer uterino. A vacina foi aprovada no Brasil em 2006 e ainda não foi incorporada no calendário vacinal público. O Governo de Minas formou uma força tarefa para analisar a possibilidade de a vacina ser oferecida às mulheres do Estado. Em um modelo ideal, pré-adolescentes deveriam ser vacinadas na própria escola, favorecendo uma cobertura significativa. Um dos fatores que têm dificultado a aquisição da mesma é o alto custo de cada dose, de R$ 90,00 a R$ 120,00.
O câncer de colo é uma doença silenciosa e sendo assim não causa sintomas na fase inicial. A doença é causada pelo vírus HPV, que é transmitido através de atividade sexual.
Incidência
Segundo estimativas do Inca, o câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama. Ele é ainda a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, a doença faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo da doença.
Atualmente, 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizado. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente, têm praticamente 100% de chance de cura. Em Minas Gerais, as estimativas para 2010 apontavam 1.330 novos casos da doença.