terça-feira, 28 de junho de 2011

Médico inglês elogia atendimento do PSF de BH

 



O atendimento na atenção primária no Brasil é mais eficiente que o oferecido na Inglaterra, em termos de abrangência e acompanhamento. A constatação é do médico inglês e especialista em saúde pública Matthew Harris. Ele participou na última semana do simpósio “Orientação Comunitária na Atenção à Saúde”, realizado no auditório da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. O encontro reuniu cerca de 200 profissionais da atenção primária de saúde, com o objetivo de promover a troca de experiências entre os dois países nas áreas de Saúde e Tecnologia.

Para o médico londrino, o modelo brasileiro de medicina da família, baseado no Programa de Saúde da Família (PSF), é um dos principais responsáveis pela redução da mortalidade infantil no país nos últimos anos. Em Belo Horizonte, o PSF possui 545 equipes e uma cobertura de 78% (a maior do país). “Isso mostra que a capital está no caminho certo”, disse Harris.

“Em Londres não existe a figura do médico da família, pois esse profissional atua em diversas áreas da cidade. Com isso não se cria um vínculo entre médico e paciente. Considero o PSF extremamente eficaz, universal e exclusivo. Temos muito para aprender com vocês”, disse Matthew Harris, com a autoridade de quem prestou exame de equivalência para exercer a medicina no Brasil e atendeu, durante três anos, a população da cidade pernambucana de Camaragibe, entre 2000 e 2003.

Ao comparar o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) brasileiros com os londrinos, Harris destacou, como fator positivo, o fato desses profissionais, no Brasil, terem vínculo empregatício com os governos municipais. Em Londres, os agentes estão ligados às Organizações Não Governamentais (ONGs) e realizam apenas ações específicas, como controle de doenças crônicas.

Em BH, assim como no restante do país, a função do agente comunitário de saúde é mais ampla. Eles acompanham, por exemplo, o estado nutricional das famílias, cartão de vacinação e quadros agudos de saúde bucal.

Professor da universidade inglesa Imperial College of Science, Technology and Medicine, uma das melhores do mundo nas áreas de engenharia, tecnologia e biomedicina, Harris foi um dos palestrantes do simpósio. O médico inglês falou sobre “Estratégia de Saúde da Família: Lições do Brasil para outros países” e confidenciou que pretende levar o modelo brasileiro do PSF para a Inglaterra.

Apesar dos avanços na capital, o médico inglês disse que a capital precisa avançar mais nas áreas de infraestrutura das unidades de saúde e no sistema de monitoramento. “Continuar com a expansão do PSF também é muito importante”, recomendou ele.

Gestão e tecnologia

A visita do médico inglês faz parte da intenção da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) em assinar um termo de cooperação técnica com a universidade inglesa para modernizar o seu sistema de informática, conhecido como Sisrede. Em contrapartida, Belo Horizonte contribuiria com a implantação do Programa de Saúde da Família (PSF) em Londres.

O Sistema de Informação em Rede (Sisrede) da SMSA está presente em todos os centros de saúde da capital. A plataforma armazena todo o prontuário de atendimento do cidadão, como consultas, exames e entrega de medicamentos. A intenção da secretaria é inserir novos indicadores para avaliar a situação de saúde da população. Entre eles, dados sobre mortalidade infantil, cobertura vacinal das crianças de uma determinada área de abrangência e o acompanhamento de gestantes e crianças menores de um ano. “Essa parceria é importante, pois significa a construção do saber, visando a integração de equipes com o foco no atendimento e gestão eficientes”, disse a secretária municipal adjunta de Saúde, Suzana Rates.

Para o médico da família Daniel Moreira, essa iniciativa agregará valor ao trabalho dos profissionais da rede, uma vez que a tecnologia pode direcionar melhor os esforços da secretaria na prevenção e promoção da saúde.

PSF

O PSF baseia-se em um modelo simplificado – equipes multidisciplinares compostas por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes e na manutenção da saúde desta comunidade.

ACS

O ACS é o elo entre os profissionais do PSF e a comunidade. Esses profissionais realizam visitas regulares a um determinado número de famílias e possuem várias atribuições, como desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Além disso, promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente e traduzir para as equipes de saúde da família a dinâmica social da comunidade, suas necessidades, potencialidades e limites.