segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Projeto "Oficina de Voz" oferece treinamento diferenciado aos professores da rede estadual

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Osvaldo Afonso/Secom MG
Fonoaudióloga Etiene Moreira com professoras da E. E. Pandiá Calógeras
Fonoaudióloga Etiene Moreira com professoras da E. E. Pandiá Calógeras
BELO HORIZONTE (21/10/11) - Inaugurado em setembro deste ano, o projeto piloto “Oficina de Voz” leva fonoaudiólogos para avaliar o trabalho de professores da rede estadual em três escolas de Belo Horizonte e Região Metropolitana: Pandiá Calógeras, no bairro Santo Agostinho; Helena Guerra, em Contagem; e Instituto de Educação, no centro da capital. Criado pela Superintendência Central de Perícia Médica e Saúde Ocupacional, da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), a iniciativa é uma extensão do Programa de Saúde Vocal onde por meio de um DVD, já capacitou mais de 110 mil professores desde 2007.
A coordenadora do projeto, Daniela Souza, explica o trabalho. “A ideia é que os professores tenham um reforço a mais no desempenho das suas atividades, melhorando a utilização da voz para evitar a disfonia (dificuldades que impeçam a emissão vocal) e, até mesmo, o aparecimento de problemas mais graves, como as lesões na laringe, além de proporcionar uma comunicação mais clara e eficiente com os alunos”.
Para Renata Machado, professora do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, do Instituto de Educação, a Oficina de Voz será importante para esclarecer dúvidas. “Jamais havia participado de nenhuma atividade que envolvesse cuidados com a voz. Sei que qualquer um de nós está sujeito a riscos desse tipo e por isso quero ter aproveitamento máximo.”
Seis fonoaudiólogos estão distribuídos nas três escolas. Para cada oficina, são formados pequenos grupos de 10 a 15 professores. Daniela Souza explica que essa divisão facilita o trabalho dos profissionais para um treinamento mais individualizado. “Quando ministramos palestras, falamos para 300, até 400 professores. Mas com essa quantidade fica difícil estabelecer um trabalho mais intensivo e com grupos menores é possível acompanhar o desempenho de cada um.”
A professora Maria Aparecida Nunes Nogueira, do 4º ano, já sabe que para uma boa comunicação com os alunos é desnecessário elevar o tom de voz. “É tudo uma questão de prática. Evitar falar rápido e manter uma boa dicção são suficientes para manter uma comunicação clara em sala de aula,” disse.
Após o término das oficinas, previsto para o final do ano letivo, a Superintendência de Central de Perícia Médica e Saúde Ocupacional vai estudar a possibilidade de continuação do projeto em 2012, em Belo Horizonte e Região Metropolitana e, futuramente, em todo o Estado de Minas. “Se o êxito se confirmar, queremos expandir a oficina para todos os professores da rede estadual de ensino”, disse Daniela.
Cuidados com a voz
Na Escola Estadual Pandiá Calógeras, as fonoaudiólogas Etienne Moreira e Raquel de Oliveira Gomes dão início aos trabalhos apresentando as propostas da oficina, conscientizando os educadores sobre os cuidados com a voz. “Ninguém nasce com as pregas vocais exercitadas. As pregas vocais são tecidos musculares que precisam ser utilizados com cuidado para que não haja lesões”, explica Etienne.
Atentas, as professoras assistem a um vídeo onde são mostradas cenas do interior da laringe, canal por onde passa o ar fazendo vibrar as pregas vocais para a produção do som. Em seguida, todas realizam dinâmicas que vão desde a identificação de sons por meio da audição, a exercícios de aquecimento de voz.
Alimentação saudável e ingestão de água em quantidade e temperatura adequadas foram uma das lições mais importantes para a professora do 2º ano, Délcia Maria de Jesus. “Sempre corria para tomar água gelada nos intervalos. Frutas, então, quase sempre estavam na geladeira antes de comer. Hoje sei que não se deve consumir nada dessa forma, pois o prejuízo para a minha voz pode ser maior.”
Durante a oficina, um alerta foi dado aos professores iniciantes e, que, sem saberem, já apresentam problemas na fala. “Por descuido ou falta de conhecimento, não ficam atentos aos sinais de alterações vocais e não buscam um tratamento preventivo. É importante que todos se protejam de eventuais problemas no futuro”, esclarece a fonoaudióloga Raquel de Oliveira Gomes.
O Programa
No Programa de Saúde Vocal, os professores recebem um DVD com orientações de um fonoaudiólogo sobre exercícios de relaxamento das pregas vocais e outras atividades que melhoram o desempenho da fala.
“O custo/benefício do DVD é ótimo, pois ele pode atingir localidades mais distantes. Assim, o professor recebe as orientações necessárias para exercer suas funções com mais segurança e qualidade”, explica Deise Oliveira, da Superintendência Central de Perícia Médica e Saúde Ocupacional.
Depois de concluir todas as etapas do vídeo, os professores recebem um link para realização de um teste por meio do portal da Seplag, onde é possível medir a eficácia dos exercícios. Se o resultado for satisfatório, todos recebem um certificado de aproveitamento.